O cantador se emocionou no palco do Maior São João do Mundo. Foi ovacionado pela multidão que lotou o espaço destinados aos festejos em Campina Grande. Santana, poeta na essência da palavra, sabe o significado que tem a resistência pelo forró autêntico nos palcos da vida.
A música, o timbre, os bordões e um coral popular que sabe na ponta da língua todos os versos e ritmos que embalam o Nordeste brasileiro. Santana deu, mais uma vez, demonstração de carinho e respeito pelo amigo e companheiro de longas jornadas, Flávio José.
A mídia abre uma clareira da polêmica sobre os destinos do São João. Essa fogueira queima também gestores que se arvoraram em atacar e ironizar a festa campinense que, sem dúvida alguma, ganhou este ano uma repercussão nacional pela sua grandiosidade e pelos atrativos turísticos que oferece.
Para os desavisados, é bom lembrar que em Monteiro teve funk em pleno São João. Na terra de Flávio José, teve os embalos dos morros cariocas. Em Caruaru (PE) teve também um desfile de sertanejos, que a multidão aplaudiu, arrancou os cabelos e ficou rouca de tanto cantar suas músicas.
Voltando à Paraíba, de Bananeiras, é bom lembrar que no ano passado teve Alok por lá. O prefeito Matheus Bezerra foi o primeiro a puxar o coro da ironia contra o Parque do Povo, esquecendo-se que Alok estava no seu terreiro.
Por falar em Bananeiras, não foram poucas as reclamações e críticas pela desorganização do evento, com acessos enlameados, falta de infraestrutura para atender até mesmo que pagou para estar nos camarotes e shows que foram anunciados e não foram entregues.
Santana e Flávio José são resiliência, sim. Mas não esqueçam de Antônio Barros e Cecéu, gênios do autêntico ritimo nordestino que não foram chamados sequer para uma homenagem. Disso, ninguém pode falar de ninguém.
Vi e li também baboseiras, como uma manchete de um site que disse que “o sanfoneiro pé-de-serra foi impedido de tocar pelo ‘bolsonarista’ sertanejo Gustavo Lima”. É vergonha no crédito e no débito. É uma visão xenofóbica da imprensa que enxerga no gigantismo de Flávio José apenas “um sanfoneiro”. Flávio José e Santana são volumes de uma enciclopédia da cultura nordestina.
Espaços como Caruaru, Campina Grande, Petrolina, Bananeiras e Monteiro, todos os anos repetirão as mesmas estratégias de marketing. É assim que reúnem multidões. É assim que as festas se pagam. A lei que está para ser aprovada no Congresso Nacional pode corrigir algumas distorções, ao garantir 80% de forró nas programações. Mas vamos continuar ouvindo sertanejos e pagodeiros quando o mês de junho chegar.