A menos de um mês da COP28 —- o evento mundial que discute as mudanças climáticas — uma pergunta se sobressai: é possível produzir mais de forma limpa e sustentável? Segundo especialistas, sim. Mais que possível, trata-se de uma meta traçada pelo Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares) em que uma das diretrizes inclui aumentar a taxa de recuperação de resíduos. A meta é passar do atual 1,6% do total coletado para 12,8% até 2032.
O Mapa Estratégico da Confederação Nacional da Indústria (CNI), lançado em outubro, apresenta metas em oito temas principais. Todos eles apontam que o Brasil tem potencial para alcançar uma indústria mais sustentável. O gerente-executivo de meio ambiente e sustentabilidade da CNI, David Bontempo, explica o que é preciso para que o Brasil avance na agenda verde.
“É produzir cada vez mais com menos emissão, é uma diretiva relevante. E promover uma indústria cada vez mais circular, dado que é uma ideia que tem sido discutida tanto no ambiente doméstico quanto internacional.”
Reaproveitar o que foi descartado é a premissa básica da reciclagem — que funciona como um dos elos da economia circular. Em Brasília, uma central reúne 22 cooperativas que garantem renda e sustento a mais de mil trabalhadores. São pessoas que fazem o trabalho de triagem e reciclagem. Pelas mãos desses trabalhadores passam, por mês, 1.500 toneladas de materiais de todo tipo. Mas, hoje, eles conseguem reaproveitar apenas 40% do material que chega.
Segundo a presidente da Central de Cooperativas de Trabalho de Catadores de Materiais Recicláveis do Distrito Federal (Centcoop-DF), Aline Sousa, muito mais poderia ser aproveitado, se em casa as pessoas ajudassem com pequenos hábitos, como lavar o potinho do iogurte, ou separar o lixo orgânico do seco, de forma correta.
Apesar do longo caminho que ainda tem a ser percorrido na estrada da sustentabilidade e do reúso de materiais, muito já se evoluiu nesse sentido. Os investimentos garantem mais renda aos trabalhadores e a rede tende a crescer, mudando a forma como o negócio funciona. Se antes o trabalho da rede era restrito à triagem, hoje, explica Aline, estão expandindo para conseguir ir além.
“Para isso, a gente teve vários investimentos do BNDES, de emendas parlamentares, que possibilitaram chegar novos equipamentos para a gente verticalizar.”
Aline fala dos novos maquinários que chegaram à Centcoop e permitem que o lucro da cooperativas aumente e as tratativas de vendas do material coletado seja feita diretamente com as indústrias de reciclagem.
Antes mesmo da criação Centcoop, uma indústria de reciclagem que existe em Brasília desde 2004, já atuava em Brasília recebendo material e devolvendo ao mercado pronto para ser reutilizado. A Capital Recicláveis nasceu em 2004 e hoje é a maior empresa de reciclagem da região Centro-Oeste.
A Centcoop é parceira da Capital Recicláveis e segundo a presidente da rede de cooperativas, Aline Sousa, a empresa recebe 70% de tudo que é triado pela Central, principalmente papel e papelão.
A indústria é um bom exemplo de economia circular, já que leva de volta ao mercado local o resíduo que foi produzido ali mesmo — com custo reduzido de transporte e encargos.
A gerente administrativa e financeira da Capital Recicláveis, Maria Liberatti, diz que a capacidade da empresa hoje precisa buscar matéria-prima em outros estados.
“Nós temos a capacidade de processar mais de dez mil toneladas de resíduos ao mês. Infelizmente, não consigo manter a Capital funcionando só com o material reciclável de Brasília.”
Fonte: Brasil 61