Produzida pelo corpo humano em resposta à exposição solar, a vitamina D é essencial para garantir a absorção de cálcio no organismo e está ligada à atividade cerebral. Mas a relação entre os níveis da vitamina e os sintomas de depressão, doença que atinge mais de 320 milhões de pessoas por ano, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2020, ainda é controversa. Um estudo publicado em julho de 2022 reacendeu essa discussão: afinal, os suplementos de vitamina D podem ser indicados em tratamentos de saúde mental?
As causas da depressão ainda são cercadas de incertezas, como explica o psiquiatra Alfredo Maluf, coordenador do Núcleo de Medicina Psicossomática e Psiquiatria do Hospital Israelita Albert Einstein. Atualmente, a maioria dos pesquisadores defende que a doença depende não apenas de questões biológicas, como os níveis de serotonina e dopamina, mas também do estilo de vida e de fatores genéticos do paciente. O que se sabe, no entanto, é que a vitamina D está envolvida em alguns dos sistemas cerebrais que estão vinculados à depressão.
“Existem várias teorias para explicar essa doença, mas sabemos que a vitamina D participa tanto na estrutura neurobiológica, por meio dos receptores do cérebro, como na regulação de algumas atividades cerebrais que podem estar ligadas à depressão também. O que temos certeza é que a vitamina D está envolvida em alguns dos processos neurobiológicos da depressão”, explica Maluf.
Por conta dessa conexão, dezenas de pesquisadores em todo o mundo se dedicam a investigar os efeitos da vitamina D na depressão. Uma pesquisa de julho de 2022, publicada no periódico “Critical Reviews In Food Science and Nutrition”, revisou dados de 41 estudos científicos publicados nos últimos anos. A análise concluiu que há indícios de que a suplementação de vitamina D pode, sim, trazer benefícios para pacientes com sintomas de depressão.
Para o psiquiatra, os achados são interessantes, mas devem ser analisados com cautela. “Esse estudo recente é robusto e mostra que a vitamina D pode beneficiar [o tratamento de depressão], sim. Mas as amostras das pesquisas também trazem alguns questionamentos,