Mais de 70% das cidades têm baixo desenvolvimento
1 de agosto de 2023
Redação

O Instituto Cidades Sustentáveis lança no próximo domingo, 6/8, o Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades 2023 (IDSC-BR), ferramenta que permite avaliar os 5.570 municípios brasileiros por meio de 100 indicadores socioeconômicos e ambientais. O lançamento ocorrerá em Belém, durante o Fórum de Desenvolvimento Sustentável das Cidades, evento que integra a programação dos Diálogos Amazônicos.
 

O índice mostra a enorme desigualdade entre as diferentes regiões do país e aponta, também, que todos os municípios ainda estão longe de alcançar um nível muito alto de desenvolvimento sustentável. Numa escala de 0 a 100 pontos, nenhuma cidade atingiu pontuação acima de 80; apenas 45 (0,8% dos municípios brasileiros) ficaram acima de 60 pontos e a maior parte (3.346 municípios, ou 40% do total) encontra-se na faixa entre 40 e 49 pontos (veja no mapa abaixo).

 



Das 10 cidades com a maior pontuação, oito estão no estado de São Paulo, uma em Minas Gerais e uma em Santa Catarina. Dentre as 10 com a menor pontuação, seis estão no Pará, duas no Maranhão e duas na Amazônia.

 



Cidades amazônicas

Outros destaques do IDSC mostram que os desafios são ainda maiores para as cidades amazônicas. Dentre os 100 municípios com a menor pontuação, 84 estão Amazônia Legal. A região é formada por 772 cidades de nove estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país. Desse total, 753 (97%) têm nível baixo ou muito baixo de desenvolvimento. Apenas 19 municípios da Amazônia Legal alcançaram 50 pontos ou mais. Nenhum ficou acima de 60 pontos.

 



Agenda 2030 da ONU

O IDSC permite também uma visão abrangente e integrada das cidades brasileiras nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela ONU em 2015, com metas para os países cumprirem até 2030. Associados e agrupados por ODS, os 100 indicadores do índice apresentam dados municipais sobre fome e pobreza, renda, saúde, educação, saneamento básico, igualdade de cor e gênero, emissões, desflorestamento, violência e infraestrutura urbana, entre outras áreas temáticas.


Desse modo, é possível verificar a evolução, os avanços e as fragilidades de cada cidade no cumprimento da Agenda 2030, da qual o Brasil e outros 192 países são signatários. Há uma pontuação geral para o conjunto dos 17 ODS e outra específica, para cada objetivo. Com o índice, o Brasil se tornou o único país do mundo a monitorar e avaliar todas as suas cidades de acordo com as metas da ONU.


Em 2023, o IDSC incorporou novas ferramentas e funcionalidades, que permitem comparar, por cidade, a variação da pontuação em cada ODS entre 2015 e 2023. As visualizações foram aprimoradas e novos mapas e gráficos facilitam a análise e interpretação dos dados apresentados.


No ODS 3 (Educação de Qualidade), por exemplo, 3.111 cidades (55% do total) apresentaram nível de desenvolvimento baixo ou muito baixo em 2023; 1.797 (32%) atingiram o nível médio e 662 (11%), o nível alto. Nenhum município brasileiro atingiu 80 pontos ou mais (nível muito alto) neste objetivo.

Nível de desenvolvimento sustentável das cidades brasileiras no ODS 3 (Educação)

Sobre o IDSC-BR

O Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades – Brasil (IDSC-BR) apresenta uma avaliação abrangente da distância para se atingir as metas e objetivos da Agenda 2030 nos 5.570 municípios brasileiros, com base nos dados mais atualizados disponíveis nas fontes nacionais e oficiais. A intenção é orientar a ação política de prefeitos e prefeitas, definir referências e metas com base em indicadores e facilitar o monitoramento dos ODS em nível local.
 

O índice é uma iniciativa do Instituto Cidades Sustentáveis, no âmbito do Programa Cidades Sustentáveis, realizada em parceria com a Sustainable Development Solution Network (SDSN). O IDSC-BR conta com apoio do Projeto Citinova, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF na sigla em inglês). A coleta de dados e indicadores foi realizada pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).

Sobre os Diálogos Amazônicos

O Fórum de Desenvolvimento Sustentável das Cidades integra a programação dos Diálogos Amazônicos, uma série de encontros organizados pela sociedade civil, academia, centros de pesquisa e agências governamentais, com seminários, debates, exposições e manifestações culturais. O objetivo é pautar a formulação de novas estratégias para a região e os resultados serão apresentados por representantes da sociedade civil aos líderes reunidos na Cúpula da Amazônia, que será realizada de 8 a 9 de agosto, em Belém (PA).
 

A Cúpula dos Amazônia é um encontro organizado pelo Governo Federal do Brasil para construir uma posição conjunta com os países da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela) para ser levada à Conferência do Clima das Nações Unidas (COP28), que ocorrerá em novembro, nos Emirados Árabes.

Sobre o Instituto Cidades Sustentáveis

Instituto Cidades Sustentáveis (ICS) é uma organização da sociedade civil criada em 2007, com o objetivo de fortalecer as instituições públicas e a democracia, bem como promover o debate sobre o enfrentamento das mudanças climáticas. Produzimos conteúdos, metodologias e ferramentas de apoio à gestão pública municipal e ao desenvolvimento de projetos em rede, utilizando como base indicadores de desempenho nas diversas áreas de atuação da administração pública.
 

A atuação do ICS envolve também a articulação, mobilização e sensibilização de gestores públicos municipais para a implementação de políticas públicas que promovam a melhoria da qualidade de vida da população em seus variados aspectos. Esse trabalho é desenvolvido em duas frentes: a Rede Nossa São Paulo, com foco na capital paulista; e o Programa Cidades Sustentáveis, de âmbito nacional, voltado para todos municípios brasileiros.

Sobre o Projeto CITinova

CITinova – Planejamento Integrado e Tecnologias para Cidades Sustentáveis é um projeto multilateral realizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), com apoio do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês), implementação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), e executado em parceria com Agência Recife para Inovação e Estratégia (ARIES) e Porto Digital, Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), Programa Cidades Sustentáveis (PCS) e Secretaria do Meio Ambiente (SEMA/GDF).


 

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