As festas de fim de ano trazem para o varejo a perspectiva de faturamentos superiores à média dos demais meses, e o comércio está otimista com a expectativa de crescimento. Parte desse aquecimento se deve a programas do Governo Federal como o Desenrola, que deu crédito aos inadimplentes, é o que revela pesquisa “Raio-X dos Brasileiros em Situação de Inadimplência”, conduzida pelo Instituto Locomotiva e pela MFM Tecnologia.
O levantamento mostra que os brasileiros em situação de inadimplência estão conseguindo consumir mais do que ano passado. 77% dos inadimplentes declaram que fizeram compras em comércios de ruas no último mês, contra 62% em 2022. E 66% dos inadimplentes declaram que fizeram compras em canais online no último mês, enquanto em 2022 eram 54%. Além de aumento do consumo, o estudo também revela aumento da intenção de compra futura dos inadimplentes: o percentual que planeja comprar uma televisão saltou de 47% no ano passado para 55% neste ano.
O aumento do consumo se deve ao fato de os inadimplentes estarem mais confiantes na quitação das dívidas em relação ao ano interior. Segundo a pesquisa, 39% têm certeza de que conseguirão pagar suas dívidas. Em 2022, esse percentual era de apenas 25%.
Para Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, alguns fatores favoreceram o cenário citado, como a redução nos juros, o controle da inflação dos itens básicos, em especial dos produtos da cesta básica, o aumento real do salário-mínimo e da renda média da população, além da ampliação do dinheiro disponível para programas de distribuição de renda do Governo Federal.
“A pesquisa deixa claro que não é porque a pessoa está inadimplente que deixará de consumir. Elas têm renda e necessidades de consumo, mas por alguma situação da vida ficaram nessa situação. E o Desenrola coloca os brasileiros de volta ao universo do consumo. O dado mostra a importância que essas pessoas têm para a retomada do crescimento da economia, já que possuem um potencial gigantesco para fazer crescer o mercado consumidor”, explica Meirelles.
Luiz Ojima Sakuda, diretor de inovação e marketing da MFM Tecnologia, destaca algumas dimensões monitoradas pela pesquisa relacionadas ao consumo. Economizar é principal forma através da qual consideram que conseguirão pagar as contas (36% em 2023, 40% em 2022), mas cresce a parcela que diz já ter se estabilizado.
“O percentual de pessoas que declaram ter conseguido estabilizar financeiramente (24% em 2023, 20% em 2022) ultrapassou o percentual de pessoas que esperavam uma melhora da economia para melhorar a situação financeira e conseguir pagar as contas (20% em 2023, 29% em 2022). Além disso, diminuíram os percentuais relacionados às outras formas de conseguir quitar dívidas, como fazendo horas extras, empréstimo, vendendo algo que possui. Entre as economias em outras contas, o maior aumento percentual foi a renegociação de dívidas (38% em 2023, 31% em 2022.”
O relatório completo está disponível gratuitamente.