El Niño ainda causará impacto no clima
7 de fevereiro de 2024
Redação


O El Niño, fenômeno natural que contribuiu para que 2023 fosse o ano mais quente já registrado em todo o mundo, e provocou desastres naturais durante todo o ano passado no Brasil, ainda está em ação e terá seu ápice entre janeiro e fevereiro, podendo causar ainda mais transtornos no País e também no mundo, segundo análise da Climatempo, a maior e mais reconhecida empresa de consultoria meteorológica e previsão do tempo do Brasil e da América Latina. Mas muitas empresas, já preocupadas com os efeitos dos fenômenos climáticos mais intensos, estão inclusive buscando se antecipar e planejar suas operações com base nas análises meteorológicas.

Segundo previsão da Climatempo, o El Niño deverá persistir até o segundo trimestre, e, com exceção de Florianópolis (SC) e Porto Alegre (RS), as demais capitais brasileiras terão temperaturas mínimas e máximas mais altas do que em 2023, com variações de até 2,0° acima da média. A boa notícia, por outro lado, é que após atingir o ápice em fevereiro, o fenômeno iniciará sua queda, com projeção de que seu ciclo completo termine no início do outono.

A elevação da temperatura causada pelo El Niño de 2023, um dos mais severos já registrados, vem afetando diversos ramos de atividade econômica, e levando cada vez mais companhias a tentarem se antecipar aos possíveis riscos já início do ano. Esse movimento de busca por informações estratégicas sobre o clima para apoiar o planejamento de curto, médio e longo prazos é registrado pela Climatempo. São empresas de varejo em setores como beauty e, confecção, mas também indústrias, incluindo farmacêutica, de alimentos e bebidas, além daquelas mais diretamente afetadas como as da agroindústria, de energia e de logística.

“Variações de temperaturas têm um impacto direto nos mais variados setores, do agronegócio à indústria de alimentos, cosméticos e vestuário, e pode até levar a revisões nas políticas públicas de saúde”, afirma Willians Bini, meteorologista e Head da Climatempo. “Um inverno mais quente, por exemplo, mexe com toda a cadeia de produção, desde a compra de matéria-prima e insumos, até a venda final, seja numa prateleira ou numa vitrine.”

Em relação às mudanças que estão ocorrendo no clima, o especialista da Climatempo observa que é necessário considerar uma somatória de fatores. Por exemplo, os ciclos climáticos de longo prazo, as ações antropogênicas – aquelas decorrentes da atuação do ser humano -, os fenômenos climáticos como o El Niño e La Niña e as combinações entre esses fatores.

“Não há dúvida de que o atual processo de mudanças climáticas em andamento vem provocando o aquecimento do planeta e intensificando os eventos extremos de clima, que também se tornaram mais frequentes. Basta observar o aumento da incidência de episódios de calor extremo, temporais, enchentes, períodos secos, queimadas, entre outros”, afirma o Head da Climatempo.

Segundo ele, o ponto principal do trabalho da Climatempo é fornecer informações e análises sobre o comportamento do clima que ajudem os nossos clientes com insights para transformar riscos em oportunidades. “Seja com El Niño, La Niña ou diante das mudanças climáticas, contar com análises meteorológicas aprofundadas, inclusive para microrregiões, pode significar a diferença entre uma estratégia de negócios bem-sucedida e o encalhe ou falta de determinado produto na prateleira do supermercado”, explica Bini.

Impacto do El Niño no Brasil em 2023

A incidência do El Niño em 2023 tornou o ano ainda mais quente do que o normal, colaborando para o registro de recordes de temperatura, que provocaram maior incidência de desastres naturais neste ano em diversos pontos do território brasileiro. Em fevereiro, o litoral norte paulista sofreu com o maior nível de chuva já registrado, com deslizamentos de terra e enchentes em diversos municípios. Entre julho e novembro, quando o fenômeno começou a ficar mais forte, foram registrados recordes progressivos de meses mais quentes do ano, praticamente em sequência, com ondas de calor muito fortes, intermediadas por pequenas frentes frias no Sul e Sudeste. Em setembro, chuvas históricas no sul do Brasil contribuíram para a formação de vários ciclones, que castigaram especialmente os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, enquanto a região norte do Brasil sofreu com a estiagem prolongada e a falta de chuvas. E, em novembro, ventos fortíssimos, nunca antes registrados, provenientes da formação de tornados no oceano e próximos ao litoral dos estados do sul, causaram estragos em São Paulo, com boa parte estado ficando sem energia elétrica por mais de três dias.

Cidades litorâneas como São Luis (MA), Maceió (AL), Fortaleza (CE), Salvador (BA), Vitória (ES), Rio de Janeiro (RJ) e Florianópolis (SC) registraram em 2023 temperaturas médias maiores do que em 2022, com variações entre 0,5° e 2,0° acima do ano anterior.

El Niño aumentou a incidência de raios

Juntamente com a maior ocorrência de pancadas de chuva, o ano de 2023 também registrou um aumento considerável na quantidade de descargas elétricas no Brasil e a incidência muito maior de raios. Até 10 de dezembro de 2023, foram registrados 172,1 milhões de descargas elétricas no País, 51,5 milhões de raios a mais do que os 120,6 milhões verificados em 2022. No ano passado, Minas Gerais foi o estado com o maior número de descargas elétricas, seguido pelo Rio Grande do Sul. Já os estados da região Norte, como Amazonas e Pará, registraram menos raios em 2023, graças à estiagem e a falta de chuvas provocadas pelo El Niño na região.

Sobre a Climatempo

A Climatempo é a maior e mais reconhecida empresa de consultoria meteorológica e previsão do tempo do Brasil e da América Latina. Desenvolve serviços de análises e previsões climáticas para empresas e instituições da área pública e privada, com serviços especializados que atendem mais de 22 setores de atividades, como energia, mineração, agronegócio e logística, entre outros. Para o público em geral, fornece informações sobre o clima por meio do seu website e aplicativos, e boletins com previsão do tempo para diversos veículos de comunicação. Juntos, esses canais somam 20 milhões de usuários mensalmente.

Comprometida com a inovação, foi a primeira empresa privada a oferecer análises climáticas customizadas no mercado brasileiro e, em 2015, instalou o LABS Climatempo no Parque Tecnológico de São José dos Campos (SP), para atuar na pesquisa e no desenvolvimento de soluções para tempo severo, energias renováveis (eólica e solar), hidrologia, comercialização e geração de energia, navegação interior, oceanografia e cidades inteligentes. Fundada em 1988, a Climatempo foi adquirida, em 2019, pela StormGeo, empresa líder global em serviços de inteligência meteorológica e suporte à decisão, sediada na Noruega, com presença em 15 países e 515 funcionários, e que, desde 2021, integra o grupo Alfa Laval, líder global no fornecimento de produtos nas áreas de transferência de calor, separação e manuseio de fluidos.

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