Capacitação elevou receita de PMEs em até 92,5%
4 de novembro de 2025
Redação

Entre 2022 e 2025, pequenas e médias empresas brasileiras que participaram de programas de capacitação tiveram receita até 92,5% maior, base de clientes ampliada em 67,3% e maior taxa de inovação. Esse é o resultado de um estudo que consolidou dados de iniciativas nacionais e regionais com o objetivo de apontar os impactos econômicos, sociais e de gestão nas PMEs, incluindo aumento da formalização, renda quase três vezes superior para empreendedores com CNPJ e evolução de competências de liderança, finanças e marketing. A análise, que deu origem a um artigo científico, foi conduzida pelo pesquisador e autor Rodrigo Amora. Formado em Administração pela Universidade Federal do Paraná e consultor certificado pela norte-americana Association of Accredited Small Business Consultants, Amora tem quase 20 anos de experiência no gerenciamento de companhias, além de ser um dos pioneiros na implementação de Inteligência Artificial – IA em fluxos operacionais.

O estudo foi estruturado a partir da consolidação de dados secundários e avaliações independentes de programas de capacitação realizados no país entre 2022 e 2025. Foram considerados projetos regionais e nacionais, incluindo MEI UP (SC), Chamada de Impacto (MT), Brasil Mais Produtivo e Elas Empreendem, além de séries produzidas pelo Sebrae, em parceria com a FGV, e indicadores do Global Entrepreneurship Monitor (GEM). “A qualificação consegue impactar positivamente os profissionais e ainda altera a curva de crescimento, e o efeito aparece tanto no faturamento quanto na capacidade de atrair e reter clientes”, explica.

No campo econômico, o mapeamento indica que 75% dos negócios desenvolveram novos produtos ou serviços após o treinamento, especialmente em setores como comércio, serviços e indústria de pequeno porte. E mais, 20% dos microempreendedores individuais migraram de porte. “Quando um MEI passa a atuar como pequena empresa, ele precisa rever processos, ampliar a operação e lidar com maior complexidade administrativa, o que exige mais preparo e sofisticação na gestão”, explica Amora.

Inclusão

Sob o aspecto social, os impactos se refletiram na renda, na inclusão e no acesso a oportunidades. Os formalizados registraram renda mensal média de R$ 6.117, quase três vezes superior à de informais, que foi de R$ 2.115, abrindo portas para crédito bancário, participação em licitações e benefícios previdenciários, ampliando a proteção social. Programas com foco específico, como o Elas Empreendem, lançado em 2023, ampliaram a presença de mulheres de baixa renda. Outros recortes do estudo apontam maior inserção de jovens e pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica.

Casos regionais ajudam a dimensionar ainda melhor os resultados. No MEI UP, em Santa Catarina, a receita média mensal dos participantes passou de R$ 4.739 para R$ 9.122, e o número de clientes atendidos subiu de 49 para 92. Em Mato Grosso, a Chamada de Impacto reuniu empreendedores em feiras comunitárias que movimentaram cerca de R$ 7 mil em um único dia, estimulando a circulação de recursos na economia local.

Gestão

Na gestão dos negócios, os participantes reportaram aumento de 39% na autoavaliação de suas habilidades, com destaque para finanças, marketing, vendas e liderança. Também foram citados avanços em planejamento, precificação, controle de estoque e relacionamento com clientes, áreas diretamente ligadas à sobrevivência das firmas.

“A qualificação não se traduz apenas em mais vendas, mas em melhores decisões. Quem entende melhor o fluxo de caixa, sabe negociar, define preços com mais clareza e organiza seu processo comercial de forma a ter mais previsibilidade, e reduz riscos”, afirma Rodrigo Amora. O estudo indica, ainda, que esses ganhos administrativos ajudaram a reduzir falhas que, frequentemente, são apontadas como principal causa de fechamento precoce de PMEs.

O levantamento feito por Amora, que também é co-fundador e CTO da Berry – Consultoria Empresarial, registrou não só a formação de redes de apoio entre pequenos empresários, mas a continuidade delas mesmo após o término dos programas. “Essa troca de experiências ajudou a reduzir a insegurança, contribuiu para o bem-estar dos participantes e para a capacidade de enfrentar os desafios do dia a dia”, explica.

O programa Brasil Mais Produtivo, de alcance nacional, envolveu 24 mil pequenas e médias indústrias entre 2020 e 2023, especialmente dos setores metalomecânico, alimentos e bebidas, moveleiro, confecção e eletroeletrônico. A iniciativa levou consultores técnicos diretamente às fábricas, aplicando metodologias de melhoria contínua e redução de desperdícios. O resultado: crescimento médio de 8% na receita e de 22% na produtividade, com avanços em eficiência operacional e uso de recursos.

“A produtividade é um desafio estrutural da economia nacional. Quando se mede a evolução a partir de indicadores objetivos, como eficiência e redução de custos, fica claro que a capacitar contribui, e muito, para a competitividade das pequenas e médias”, conclui Amora.

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