O fim do atendimento médico realizado semanalmente na antiga casa-sede foi a motivação que faltava aos agricultores do assentamento Santa Cruz, em Campina Grande, para iniciarem uma campanha permanente de arrecadação de fundos para as obras de reforma de que o imóvel necessita.
No sábado (31), parte das famílias promoveu, ao lado da casa-sede, a Festa da Colheita, um evento com feira de alimentos produzidos na área de reforma agrária, bingo e brechó. A primeira edição da festa ocorreu no ano passado.
A festa contou com a participação de uma dezena de famílias feirantes e com um público consumidor formado por outras famílias do assentamento e por convidados de fora da comunidade.
Foram comercializados alimentos orgânicos, como frutas, hortaliças, legumes, raízes, leguminosas, galinha e ovos, e comidas típicas já prontas, a exemplo de munguzá, galinha caipira com macaxeira, arrumadinho, doce de mamão, cocada, quebra-queixo, bolos e pasteis.
“Tudo isso, toda essa união em prol de um objetivo, que é melhorar a comunidade, o nosso assentamento. Não estamos pensando em apenas uma família, mas em todas”, disse a secretária da associação de moradores de Santa Cruz, Morganna Pires.
O dia de união pela reforma da casa-sede, onde também são realizadas as reuniões da associação de moradores do assentamento e eventos comemorativos, como dia das mães, dia das crianças, Natal, terminou com a realização de um bingo. Os prêmios principais foram um porco e um vale-gás.
“Cada família participante vende o que quer. Uma parte do dinheiro arrecado é destinado à reforma da casa-sede, de acordo com o coração de cada um”, destacou Morganna.
O valor arrecadado com a Festa da Colheita deste ano foi de pouco mais de R$ 500. Para possibilitar a reforma da casa-sede, as famílias estudam promover feiras mensais.
Atendimento médico suspenso
Até meados do ano passado, o assentamento Santa Cruz recebia, uma vez por semana, na casa-sede, a visita de um médico que atuava no posto de saúde do bairro do Itararé, em Campina Grande, a cerca de 5 quilômetros do assentamento.
Após a visita de uma comissão do Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM/PB), o atendimento médico foi suspenso devido às condições do imóvel onde eram realizadas as consultas, a antiga sede da Fazenda Santa Cruz, imóvel onde foi criada a área de assentamento.
De acordo com a secretária da associação de moradores, a casa precisa receber forro de gesso, pintura e água encanada. “Já conseguimos os canos para a água, falta a ligação com as torneiras”, comemorou Morganna.
As 53 famílias do assentamento Santa Cruz, criado pelo Incra na Paraíba (Incra/PB) em 2001, em uma área de 209 hectares, vivem da agricultura de subsistência, com pequenos plantios de frutas, legumes, hortaliças e leguminosas, e com a criação de poucos animais de pequeno porte, como galinhas.