Representantes do setor do agronegócio, sociedade civil, academia e governo se reuniram em São Paulo, em 26 de março, para discutir o aumento da conectividade e tecnologias acessíveis no campo e a rastreabilidade da produção. O objetivo foi levar propostas para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que realizará em junho a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), evento que reuniu diferentes atores da sociedade para discutir a implementação de políticas públicas com foco no crescimento e desenvolvimento do país.
As discussões voltadas à conectividade e a rastreabilidade ocorreram na conferência livre “Ciência, Tecnologia e Inovação para Programas e Projetos Estratégicos”, realizada em conjunto pela Fundação Bunge, Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O evento ocorreu na Sede da Fundação Bunge, em São Paulo.
De acordo com Cláudia Buzzette Calais, diretora-executiva da Fundação Bunge, a conferência livre reuniu especialistas da iniciativa privada, academia e governo para discutir duas temáticas essenciais para o desenvolvimento sustentável do setor do agronegócio. “A conectividade no campo é um fator essencial para o desenvolvimento de todo o agronegócio. Hoje, apenas 30% das propriedades rurais no Brasil têm acesso à internet em algum nível. Esse baixo índice prejudica não apenas o grande produtor rural, mas também o agricultor familiar e o pequeno produtor, que acabam distantes de tecnologias fundamentais para a produtividade e a renda, além de viabilizar uma produção de baixo carbono”, afirma.
A rastreabilidade é outro tema que, segundo Calais, tem ganhado ainda mais atenção no agronegócio e é peça fundamental para que o Brasil continue acessando grandes mercados globais e tenha uma produção cada vez mais sustentável. “A rastreabilidade é hoje um ponto chave na conduta de ESG das empresas, porque significa informações transparentes da produção, logística e comercialização de todos os produtos do agronegócio. Produção rastreada significa ampliação de práticas sustentáveis no campo”, explica Calais.
A conferência livre foi dividida nos painéis “Ciência e tecnologia para o aumento da conectividade e tecnologias acessíveis: contribuições no campo” e“Como a ciência e a tecnologia podem colaborar com a rastreabilidade no setor produtivo”, que contaram com discussões de especialistas e apresentação de cases de sucesso. Ao final do evento, um paper com propostas foi produzido para ser encaminhado ao MCTI.
O painel “Ciência e tecnologia para o aumento da conectividade e tecnologias acessíveis: contribuições no campo” contou com a participação de Virgílio Almeida, professor emérito da UFMG; Tiago Machado, diretor de relações institucionais da Vivo e membro do comitê de conectividade da Abag; e Braian Souto, líder global de Business Technology e Estratégia de Ecossistemas da Bunge. Será apresentado um case do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) do MCTI, por César Augusto Costa.
No painel “Como a Ciência e a Tecnologia poderão colaborar com a rastreabilidade no setor produtivo”, Renata Bueno Miranda, secretária de inovação, desenvolvimento sustentável, irrigação e cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), discutirá a temática ao lado de Fernanda Lemos, professora do Insper; Bernardo Pires, diretor de sustentabilidade da Abiove; e Pamela Moreira, gerente sênior de sustentabilidade da Bunge. O painel teve ainda a apresentação de um case da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, apresentado por Silmara S. Ferraresi.
5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação
O evento realizado na Fundação Bunge foi um dos encontros de discussão organizados antes da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, que será realizada pelo MCTI, em junho, em Brasília, e que vai analisar os programas e os planos da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI) 2016-2023, e os seus resultados, com vistas a propor recomendações para a elaboração da ENCTI 2024-2030, além de ações a serem executadas em longo prazo.
O tema da conferência deste ano será “Ciência, Tecnologia e Inovação para um Brasil Justo, Sustentável e Desenvolvido” e terá o objetivo de promover o diálogo derepresentantes das instituições de ensino e pesquisa, pública e privada, sociedade civil, setor empresarial, comunidade acadêmica, organizações não governamentais, associações, entidades de classe e governo.
A meta é que essas discussões resultem na implementação de políticas públicas e de CT&I, com o fortalecimento das ciências básicas, transdisciplinares, com novos temas de pesquisa, com a difusão da inovação e com o desenvolvimento científico e tecnológico e inovação, discutindo, refletindo e tratando de temas relevantes.
“Estamos muito honrados em participar dessas discussões. Nós, da Fundação Bunge, acreditamos que para se desenvolver o Brasil precisa de ações que integrem governo, empresas, Terceiro Setor e sociedade civil. Essas discussões serão fundamentais para pensarmos em políticas públicas que desenvolvam ainda mais o agronegócio brasileiro, mas sempre pensando no seu aspecto social e ambiental”, afirma Calais.